SABER OUVIR

“Em um diálogo não há a tentativa de fazer prevalecer
um ponto de vista particular, mas a de ampliar a
compreensão de todos os envolvidos”
David Bohm


                                                                                                            
Da mesma forma que a riqueza da natureza está em sua biodiversidade, a riqueza da humanidade está em  suas múltiplas culturas. As diferentes histórias dos povos articulam saberes, experiências, modos de ver e de sentir o mundo pela tradição oral ou escrita, pela arte, pela espiritualidade, pela ciência. Seria impossível  compilar a trajetória de todas as culturas porque muitas já desapareceram completamente. Outras deixaram fragmentos de suas atividades e aspirações por meio dos quais nos comunicam um repertório de informações. Povos pré-históricos, por exemplo, “falam” conosco em suas pinturas feitas nas cavernas: contam sobre suas estratégias de caça, seus alimentos, suas crenças e sua organização social. Comunicar, transmitir vivências e habilidades é uma característica da condição humana — o que permite a cada geração apresentar novos desafios. Somos curiosos e criativos — quando não estamos atrás de respostas para nossas dúvidas, levantamos novas dúvidas para responder. Entretanto, compreender o passado e mesmo o que está hoje à nossa volta requer de nossa parte uma  abertura, uma disposição para estabelecer pontes de ligação e nos aproximarmos dos outros, sejam eles pessoas,  culturas, animais ou a própria natureza. Tudo e todas as coisas, pela simples presença, estão “expressando”, "comunicando” algo que podemos compreender se estamos receptivos. Se estamos disponíveis ao diálogo, que não precisa ser constituído por palavras. Em certas ocasiões, olhares, gestos, toques e até silêncios são mais
eloqüentes que discursos!  Às vezes acreditamos já saber o que os outros têm para nos dizer. E com isso perdemos a magnífica oportunidade de aprender e xperimentar coisas novas. Os preconceitos, a intolerância, os fanatismos, as supostas “certezas” são os maiores entraves para estabelecer linhas de comunicação e relacionamentos confiáveis, onde a reciprocidade e o respeito mútuo semeiam o terreno do entendimento. Culturas diferentes, predatória da natureza. Quando a percepção sintoniza apenas interesses particulares, desarticulados das necessidades coletivas,ou seja, do bem comum, existe confronto e desentendimento.


  • Pode-se deixar a conversa correr livremente ou escolher,em conjunto, um tema que reflita uma ansiedade do grupo ou um problema enfrentado pela comunidade. O assunto que vai ser tratado deve ficar perfeitamente claro para todos, de modo que a conversa não desvie para temas que estão fora da área de interesse de todos.