REJEITAR A VIOLÊNCIA

“O primeiro princípio da ação não-violenta é a
  não-cooperação com tudo que é humilhante”
                                    Mahatma Gandhi


Gandhi costumava dizer: “Pode-se garantir que um conflito foi solucionado segundo os princípios da não-violência se não deixa nenhum rancor entre os inimigos e os converte em amigos”. Embora pareça apenas um conjunto de palavras bonitas, essa diretriz foi testada na prática, com muitos de seus oponentes, que se tornaram seus admiradores e até colaboradores.  Não é fácil dominar a própria violência, até porque não é fácil reconhecer que somos potencialmente violentos — seja em pensamentos, gestos ou omissões. Sempre arranjamos boas  justificativas para nossas atitudes. “Você foi injusto comigo”,  “invadiu meu espaço”, “me traiu”. Essas são queixas que temos dos  outros e os outros, de nós. Se compreendermos isso, se aceitarmos que nem sempre estamos com a razão, faremos cobranças (aosoutros e a nós mesmos!) mais justas e mais humanas.
Como um bumerangue que volta ao ponto de partida, o uso  da violência  para compensar frustrações e desapontamentos  resulta em sentimentos deimpotência e em mais frustração. Ao  agredir alguém, damos a essa pessoa o  direito de nos agredir também, e acabamos por “armar” o outro com os mesmos  instrumentos dos quais queremos nos desvencilhar.
Esse círculo vicioso só se quebra se resistirmos ao ímpeto emocional, ao ódio e à raiva — barreiras que ofuscam sentimentos preciosos como a compaixão, a solidariedade e a capacidade de perdão. “Perdi a cabeça”, “fiquei fora de mim”. Não são essas as expressões que usamos toda vez que agredimos alguém? E o que elas querem dizer? Que reconhecemos ter agido por impulso, de modo irrefletido e ignorante. Mais ainda, que não aceitamos esse comportamento como digno de nós mesmos — e, igualmente, não aceitamos no outro.